terça-feira, 12 de novembro de 2013

A eterna sensação de estarmos em conflito

Os conflitos nascem como resultado da tentativa que fazemos, quando criança, de sermos o que achamos que temos que ser para sermos aceitos e amados por nossos familiares, em especial pai e mãe.  Mas isso não significa que deixamos de ser o que somos. Aparentemente demonstramos o que achamos que os outros querem, abafando o que somos (veja http://psicologasandrabarros.blogspot.com.br/2013/10/nos-ultimos-dias-sugeri-psicoterapia.html ) e passamos a acreditar que somos aquilo que nos tornamos na busca pela aceitação. Mas como abafamos o que somos, vivemos em conflito, e muitas vezes angustiados e insatisfeitos.
A Psicanálise da grande peso à necessidade de amor e aceitação que precisamos de pai e a mãe, e coloca a origem do conflito na adaptação que fazemos inconscientemente para termos esse amor. Assim: "vou ser como eles querem para que gostem de mim e não briguem comigo". Minha pratica tem demonstrado que não só pai e mãe têm esse peso na formação da identidade da criança. Avós, cuidadores (empregados/babás) e amigos de infância também.

Ocorre que ficamos nessa busca interminável pelo amor dos adultos, encontrando dificuldade em largar comportamentos que desenvolvemos de forma defensiva quando criança e, assim, repetimos o que construímos na infância como forma de defesa dos nossos sentimentos e do que somos na busca pela aceitação dos adultos que nos cercam.
Isso quer dizer que a neurose do adulto está diretamente relacionada com os caminhos que a criança encontrou para se defender da dor causada pelo conflito em que se coloca: ser o que é versus ser o que os outros querem que seja.
Dessa forma a neurose se caracteriza pela repetição das respostas infantis que se tornam "cristalizadas" na mente o que nos leva sentir com frequência como nos sentíamos quando criança, e a vivermos em constante conflito entre o que somos e o que nos tornamos.
O processo terapêutico nos ajuda a resgatar o que somos, e favorece a "paz de espírito" (tranquilidade, autoaceitação) e o sentimento de autoestima (gostar do que se é).
Podemos sim viver bem o que necessariamente passa pelo reencontro com a gente mesmo.
E quando finalmente a pessoa reconhece e vive o processo de construção de sua identidade e adquire a capacidade de autoanálise com consequente reconstrução diária, pode-se dizer que esta bem pois resgatou o acesso ao seu eu, sendo esse "acesso" interminável e fascinante. É quando finalmente descobrimos que viver é uma conquista diária "gostosa" de se experimentar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário