Os conflitos nascem como resultado da tentativa que fazemos, quando
criança, de sermos o que achamos que temos que ser para sermos aceitos e amados
por nossos familiares, em especial pai e mãe. Mas isso não significa que
deixamos de ser o que somos. Aparentemente demonstramos o que achamos que os
outros querem, abafando o que somos (veja http://psicologasandrabarros.blogspot.com.br/2013/10/nos-ultimos-dias-sugeri-psicoterapia.html ) e
passamos a acreditar que somos aquilo que nos tornamos na busca pela aceitação.
Mas como abafamos o que somos, vivemos em conflito, e muitas vezes angustiados
e insatisfeitos.
A Psicanálise da grande peso à necessidade de amor e aceitação que
precisamos de pai e a mãe, e coloca a origem do conflito na adaptação que
fazemos inconscientemente para termos esse amor. Assim: "vou ser como eles
querem para que gostem de mim e não briguem comigo". Minha pratica tem
demonstrado que não só pai e mãe têm esse peso na formação da identidade da
criança. Avós, cuidadores (empregados/babás) e amigos de infância também.
Ocorre que ficamos nessa busca interminável pelo amor dos adultos,
encontrando dificuldade em largar comportamentos que desenvolvemos de forma
defensiva quando criança e, assim, repetimos o que construímos na infância como
forma de defesa dos nossos sentimentos e do que somos na busca pela aceitação
dos adultos que nos cercam.
Isso quer dizer que a neurose do adulto está diretamente relacionada com
os caminhos que a criança encontrou para se defender da dor causada pelo
conflito em que se coloca: ser o que é versus
ser o que os outros querem que seja.
Dessa forma a neurose se caracteriza pela repetição das respostas
infantis que se tornam "cristalizadas" na mente o que nos leva sentir
com frequência como nos sentíamos quando criança, e a vivermos em constante
conflito entre o que somos e o que nos tornamos.
O processo terapêutico nos ajuda a resgatar o que somos, e favorece a
"paz de espírito" (tranquilidade, autoaceitação) e o sentimento de
autoestima (gostar do que se é).
Podemos sim viver bem o que necessariamente passa pelo reencontro com
a gente mesmo.
E quando finalmente a pessoa reconhece e vive o processo de construção
de sua identidade e adquire a capacidade de autoanálise com consequente
reconstrução diária, pode-se dizer que esta bem pois resgatou o acesso ao seu
eu, sendo esse "acesso" interminável e fascinante. É quando
finalmente descobrimos que viver é uma conquista diária "gostosa" de
se experimentar.
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