segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A cultura do estresse: na contramão do ser humano

Somos cobrados diariamente para mostrarmos sucesso, demonstrações de alegria e “alto-astral”, disposição constante, corpo escultural, pro-atividade, entre outros estados “maravilhosos” de saúde e alegria duradouros. Como se isso fosse natural!
Essa cultura do êxito e “alegria” nos é transmitida desde crianças, quando somos educados a sermos triunfantes, bem sucedidos, animados e até eufóricos. Não há lugar para o fracasso, a tristeza, a dúvida ou a problematização. Portanto,  não aprendemos a lidar com a perda, o luto, a frustração e a tristeza. O que interessa é o momento imediato, a experiência espetacular. O estar sempre bem.
E se não conseguimos, temos à disposição poderosas soluções para a falibilidade humana produzidas por grandes laboratórios farmacêuticos que prometem (e cumprem) saídas mágicas para estados de tristeza, estresse, angústia e cansaço resultantes desse estado de cobrança de uma sociedade que nos exige resultados “positivos” 24h por dia, 7 dias por semana; bem como para estados provocados por perdas e lutos reais pelos quais passamos em maior ou menor grau todos os dias (desde o não atendimento a desejos e necessidades diárias até a perda de pessoas queridas). Também temos à disposição drogas ilícitas, comercializadas pelo narcotráfico. Ou seja, um arsenal para evitar sentimentos tidos como ruins.
E assim vivemos na contramão do que é ser humano.  Como resultado, vivemos ansiosos, insatisfeitos, com baixa autoestima e inseguros.

Fazem parte da natureza humana sentimentos de perda, luto, frustração e tristeza pela impossibilidade de realização de nossos desejos e atendimento às nossas necessidades, bem como sentimentos de dor pela falta. Precisamos sentir a tristeza, a dor, o vazio, a frustração. Precisamos chorar. Esses sentimentos são humanos e precisam ser vivenciados. A falta da permissão em senti-los pode contribuir para o surgimento de sintomas depressivos e estados de melancolia, quando não levam à depressão ou outras doenças.

Como você pode não estar mais acostumado a se autorizar a ter essas experiências, comece reconhecendo que são importantes por ser da nossa natureza. Não se ache um ser estranho se elas vierem à tona, muito menos julgue-se um desajustado ou “problemático”. Aos poucos volte a conviver com elas e, portanto, com você mesmo. Brigue menos contra sua natureza e evite criticar-se quando das vivências desses sentimentos. Aos poucos você vai notar que, da experiência vivida (e não negada), resulta um bem-estar, uma tranquilidade e, por que não, uma ampliação das possibilidades de suas experiências de vida.

Mas se você achar que pode ter dificuldade em experimentar seus sentimentos procure um psicoterapeuta.

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