Quando visito
empresas ou me encontro com pessoas em seus ambientes organizacionais, no discurso entre elas, observo
que abordam processos, práticas e estratégias dentre outras ações
administrativas. É estranho: mas evitam falar das pessoas, do como as relações
se dão, do como personalidades, valores pessoais, expectativas individuais, intensões
particulares, e historias de vida afetam
a maneira como interagem. Fica a impressão de que os aspectos humanos não fazem
parte do mundo do trabalho.
O fato é que os
aspectos humanos têm um peso enorme na forma como as interações se dão. Mesmo
que se defina claramente quais são as atividades, rotinas, procedimentos,
processos e as pessoas envolvidas tenham claro o que, como, quando e porque
devem fazer as coisas, se “o santo não bate” ou existe algum desconforto entre
elas o resultado é menor do que poderia ser.
Tanto é verdade que
quando as pessoas conversam sobre
o trabalho geralmente tratam, principalmente, de aspectos humanos que permeiam
essa atividade.
Em parte,
resultado dessa cisão entre o lado social e o lado pratico do trabalho, as
conversas são para falar mal um dos outros, responsabilizar seus pares ou a
empresa pela insatisfação que sentem, desqualificar
seus colegas, depreciar seus lideres. A necessidade reprimida em expressar o
dissabor com o trabalho é muito mais relevante do que os benefícios que possam estar
tendo em realizá-lo. Façam uma retrospectiva dos últimos almoços, cafezinhos e
conversas que tiveram. Certamente a maioria foi para reclamar da experiência
que se tem nas empresas onde se trabalha.
Parece que
experimentamos dois mundos diferentes: um é aquele do que tem que ser feito e o
outro das iterações entre as pessoas que devem fazer, onde um parece não ter
nenhuma relação com o outro. Mas tem. E é fora da atividade que tem que ser
feita, mas muitas vezes no próprio ambiente onde deve ser realizada, que as pessoas têm externalizado toda sua
insatisfação, mágoa e chateação numa tentativa de unir os dois “lados da
moeda”: o social e o técnico.
Gestores: atenção.
Evitem ambientes onde as pessoas coloquem “debaixo do tapete” seu lado pessoal
e levem para a “mesa do almoço” a tentativa de unir a pratica e o lado social
do trabalho. Conversem sobre isso sempre que necessário fazendo um papel de
mediador.
O lado humano e o
trabalho que realizamos é um coisa só. Cabe à liderança contribuir para com que
o lado racional e de convivência baseada no respeito caminhe junto com o
trabalho que deve ser feito evitando que as afinidades construam redes
informais que tenham mais força do que as interações necessárias à realização das
atividades diárias do trabalho.
Manter a
capacidade do dialogo humano é competência e responsabilidade da liderança sem
o que os resultados certamente serão menores do que podem ser.