quinta-feira, 22 de maio de 2014

O oposto da solidão é a vida.

Em artigo escrito em Junho de 2012 por Marina Keegan, uma então jovem estudante de Yale (EUA), sabiamente nos alerta sobre a cobrança e exigência diárias que fazermos sobre nós mesmos. A maioria de nós sempre acha que podia ter tido uma vida melhor, podia ter feito coisas diferentes. Mas o fato é que somos seres humanos e viver a vida é simplesmente fazer o melhor que se pode fazer hoje, no presente. Não conseguir acordar no horário, não ter conseguido ir à academia, não ter o trabalho tão pretendido, não ter feito a viagem dos sonhos, etc. faz parte da vida humana. Segundo a autora o que podemos depreender é que se ficamos pensando no que podíamos ser e fazer acabamos por criar a solidão pois não vivemos a vida presente como experiência já que, ao viver na fantasia do passado, evitamos estar com o que temos (efetivamente): a vida presente. Claro que podemos ser melhor do que temos sido, fazer mais na vida, realizar nossas aspirações. Ter desafios, sonhos e metas é muito importante porque nos matem motivados. Mas é diferente de ficar se criticando por não ter conseguido o que achava que podia ter feito. Viver o presente é viver a vida e essa experiência é o que temos e o que evita sentimentos de solidão e vazio. Leiam, a seguir, parte do texto da autora:
 “Não temos uma palavra para o oposto da solidão, mas se tivéssemos, eu poderia dizer que é o que queremos na vida [...] Mas vamos entender bem uma coisa: os melhores anos de nossas vidas não estão atrás de nós. Eles são parte de nós e eles vão se repetir conforme crescemos e mudamos [...]. Claro, tem coisas que queríamos ter feito ou tido [...]. Somos nossos próprios piores críticos e é fácil nos colocar pra baixo. Dormimos  demais. Atrasamos. Cortamos caminho. Mais de uma vez lembrei daquele eu quando estava no colégio e pensei: Como fiz aquilo? Como dei tão duro? Nossas inseguranças privadas nos seguem e sempre nos seguirão. Mas o negócio é que todos somos assim. Ninguém acorda quando queria acordar. Ninguém leu todo o texto (exceto talvez aquelas pessoas malucas que vencem os prêmios…). Temos esses altos padrões impossíveis e provavelmente nunca cumpriremos nossas fantasias perfeitas de nossos próprios futuros. Mas sinto que está tudo bem. [...] Embora não muito certos de que estrada estamos e se deveríamos tê-la tomado. Se ao menos eu tivesse me formado em biologia… se ao menos eu tivesse envolvida em jornalismo desde o início… se ao menos eu tivesse pensado em passar para isso ou aquilo…O que temos que nos lembrar é que ainda podemos fazer qualquer coisa. Podemos mudar nossas opiniões. Podemos começar de novo. Fazer uma Pós ou tentar escrever pela primeira vez. A noção que é tarde demais para fazer alguma coisa é cômica. [...] Não podemos, nós DEVEMOS não perder o sentido de possibilidade porque, no fim das contas, é tudo que temos. [...] Não temos uma palavra para o oposto da solidão, mas se tivéssemos, eu diria que é como me sinto [...] exatamente agora. Aqui. Com todos vocês. Apaixonada, impressionada, modesta, assustada. E não temos que perder isso” (Marina Keegan[1]).


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