Em artigo escrito em Junho de 2012 por Marina Keegan, uma então jovem estudante de Yale
(EUA), sabiamente nos alerta sobre a cobrança e exigência diárias que fazermos
sobre nós mesmos. A maioria de nós sempre acha que podia ter tido uma vida
melhor, podia ter feito coisas diferentes. Mas o fato é que somos seres humanos
e viver a vida é simplesmente fazer o melhor que se pode fazer hoje, no
presente. Não conseguir acordar no horário, não ter conseguido ir à academia,
não ter o trabalho tão pretendido, não ter feito a viagem dos sonhos, etc. faz
parte da vida humana. Segundo a autora o que podemos depreender é que se
ficamos pensando no que podíamos ser e fazer acabamos por criar a solidão pois
não vivemos a vida presente como experiência já que, ao viver na fantasia do
passado, evitamos estar com o que temos (efetivamente): a vida presente. Claro que podemos ser
melhor do que temos sido, fazer mais na vida, realizar nossas aspirações. Ter
desafios, sonhos e metas é muito importante porque nos matem motivados. Mas é
diferente de ficar se criticando por não ter conseguido o que achava que podia
ter feito. Viver o presente é viver a vida e essa experiência é o que temos e o
que evita sentimentos de solidão e vazio. Leiam, a seguir, parte do texto da
autora:
“Não temos uma palavra para o oposto da
solidão, mas se tivéssemos, eu poderia dizer que é o que queremos na vida [...] Mas vamos entender bem uma coisa: os melhores anos de
nossas vidas não estão atrás de nós. Eles são parte de nós e eles vão se
repetir conforme crescemos e mudamos [...]. Claro, tem coisas que
queríamos ter feito ou tido [...]. Somos nossos
próprios piores críticos e é fácil nos colocar pra baixo. Dormimos demais. Atrasamos. Cortamos caminho.
Mais de uma vez lembrei daquele eu quando estava no
colégio e pensei: Como fiz aquilo? Como dei tão duro? Nossas inseguranças
privadas nos seguem e sempre nos seguirão. Mas o negócio é que todos somos
assim. Ninguém acorda quando queria acordar. Ninguém leu todo o texto (exceto
talvez aquelas pessoas malucas que vencem os prêmios…). Temos esses altos
padrões impossíveis e provavelmente nunca cumpriremos nossas fantasias
perfeitas de nossos próprios futuros. Mas sinto que está tudo bem. [...] Embora não muito certos de que estrada estamos e se
deveríamos tê-la tomado. Se ao menos eu tivesse me formado em biologia… se ao
menos eu tivesse envolvida em jornalismo desde o início… se ao menos eu tivesse
pensado em passar para isso ou aquilo…O que temos que nos lembrar é que
ainda podemos fazer qualquer coisa. Podemos mudar nossas opiniões. Podemos
começar de novo. Fazer uma Pós ou tentar escrever pela primeira vez. A noção
que é tarde demais para fazer alguma coisa é cômica. [...] Não podemos, nós DEVEMOS não perder o sentido de
possibilidade porque, no fim das contas, é tudo que temos. [...] Não temos uma palavra para o oposto da solidão, mas
se tivéssemos, eu diria que é como me sinto [...] exatamente agora.
Aqui. Com todos vocês. Apaixonada, impressionada, modesta, assustada. E não
temos que perder isso” (Marina
Keegan).
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