domingo, 27 de outubro de 2013

Nos últimos dias sugeri a psicoterapia como um caminho para o autoconhecimento com o objetivo de resgatar o que somos. Isso porque o que somos é o que teríamos sido em condições mais favoráveis (parafraseei Freud – veja o post do dia 25/10).

Mas o que seriam essas condições mais favoráveis? Vou dar um exemplo. Para isso vou usar um texto de um livro que mencionarei no final do texto.

“Um senhora está andando num shopping center com seu  filho. De repente, esse vê uma bicicleta e exclama: 'Ah! como eu gostaria de ter uma bicicleta!' A mãe, ao invés de ouvir as palavras do filho, replica asperamente: ‘Você é realmente ingrato. Acabamos de lhe dar uma bicicleta nova no Natal e agora você já quer outra. Não aguento mais suas vontades. Por um bom tempo você não vai ganhar mais nada’. O que a criança aprendeu com essa experiência? Aprendeu que nunca deve contar à mãe as suas ideias e desejos a respeito de nada, pois isso só lhe trará punições. Se esta cena se repetir um número suficiente de vezes, a mãe acabará perdendo a oportunidade de receber um feedback do filho” e saber o que ele pensa e sente a respeito das coisas.

“O que deveria ter feito a mãe numa situação como esta? Talvez pudesse ter dito: ‘Aposto que você gostaria de ganhar uma bicicleta nova toda vez que quisesse’. Sem dúvida o filho concordaria. Então a mãe poderia continuar com uma pergunta mais ou menos nesses termos: ’Por que é que você acha que você não poderia ganhar essa bicicleta nova?’ Talvez a criança respondesse: ’Porque já tenho uma’  ou  ’Porque acabei de ganhar uma’. Talvez a mãe pudesse continuar a conversa dizendo: ‘Depois que você usar essa e não for mais do seu tamanho você provavelmente ganhará outra’”.

Esse exemplo ilustra o que deveríamos fazer na criação de nossos filhos e no dia a dia com as pessoas: ouvir, aceitar o que o outro diz, reconhecer que o que o outro diz é importante e expressar nossa opinião concordando ou não com o que o outro disse de forma respeitosa. Afinal cada um tem sua individualidade.

No exemplo acima eu me referi principalmente à nossa criação que geralmente é permeada pelo poder dos pais em reprimir o que a criança pensa e acha sobre as coisas, levando a criança a adotar comportamentos adaptativos para garantir o apoio e cuidados dos pais (dos quais dependem) negando a si mesmas. Como resultado, na fase adulta ficamos inseguros, com baixa autoestima e estranhos a nós mesmos.




O processo de autoconhecimento (por meio da psicoterapia, por exemplo) nos ajuda a reencontrar nossa identidade e recuperar nossa essência, reencontrando o prazer de viver a vida, pois ele nos proporciona a oportunidade de reconstruirmos caminhos trilhados na nossa infância e que talvez tenham reprimido nossa forma de lidar com as relações de forma positiva e com segurança.

(A historia foi tirada do livro é Psicologia para Administradores de Hersey e Blanchard, Ed. EPU, p. 298-299).

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